O PARTIDO<br>A FESTA

«Com o início das jor­nadas de tra­balho vo­lun­tário co­meçou a cons­trução da Festa»

Tal como, nos tempos do fas­cismo, dizer O Par­tido bas­tava para se de­signar o PCP, também hoje, dizer A Festa é su­fi­ci­ente para de­signar a Festa do Avante!

Num caso como no outro, a ex­pli­cação é sim­ples.

O PCP foi, como é sa­bido, o único par­tido na­ci­onal que não só não acatou a ordem de dis­so­lução dada por Sa­lazar, como de­cidiu re­sistir ao fas­cismo, pas­sando à clan­des­ti­ni­dade, com a cons­ci­ência plena das con­sequên­cias que tal opção im­pli­cava. Nos anos que se­guiram, até ao 25 de Abril, ele foi sempre a van­guarda da luta contra o re­gime fas­cista, pela li­ber­dade e pela de­mo­cracia, pelos in­te­resses e di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, afir­mando-se, pela sua prá­tica, como o grande par­tido da re­sis­tência e da uni­dade an­ti­fas­cistas. Por isso, o PCP foi o alvo pre­fe­ren­cial da re­pressão sa­la­za­rista/​ca­e­ta­nista, que tudo fez para o li­quidar, per­se­guindo, pren­dendo, tor­tu­rando, as­sas­si­nando mi­li­tantes co­mu­nistas. Mas o Par­tido re­sistiu. Por isso, ele era O Par­tido. Por isso venceu.

Quanto à Festa do Avante!, também ela – pela forma como é cons­truída, pelo seu con­teúdo, pela sua di­mensão, pelo seu sig­ni­fi­cado – cons­titui uma re­a­li­zação única no nosso País. Cons­truída, em múl­ti­plas jor­nadas de tra­balho vo­lun­tário, por mi­lhares de mi­li­tantes que in­te­gram o grande co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista, ela afirmou-se, desde a sua pri­meira edição, em 1976, como a grande festa de Abril. Por isso tem sido um alvo ci­rúr­gico das forças da contra-re­vo­lução, que para a li­quidar a tudo têm re­cor­rido, desde o ter­ro­rismo bom­bista e as re­cusas de ter­renos até às «leis» ci­rur­gi­ca­mente con­ge­mi­nadas e apro­vadas pelos três par­tidos da po­lí­tica de di­reita, os quais, porque odeiam Abril, os seus ideais e os seus va­lores, odeiam a Festa do Avante! Mas ela re­sistiu. E venceu. E ven­cerá. Por tudo isso, não há Festa como esta. Por tudo isso, ela é A Festa.

 

Com o início, no pas­sado fim-de-se­mana, das jor­nadas de tra­balho vo­lun­tário co­meçou a cons­trução da Festa deste ano.

Daqui até Se­tembro, a Quinta da Ata­laia será ponto de en­contro de ca­ma­radas vindos de todo o País, uns co­nhe­cendo bem o ca­minho por efeito de par­ti­ci­pa­ções an­te­ri­ores, ou­tros in­te­grando pela pri­meira vez o mag­ní­fico co­lec­tivo a que muito jus­ta­mente cha­mamos os cons­tru­tores da Festa.

Ali, num sin­gular am­bi­ente de ca­ma­ra­dagem, so­li­da­ri­e­dade, fra­ter­ni­dade, ami­zade – numa de­mons­tração da força da mi­li­tância e do tra­balho co­lec­tivo – mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e jo­vens er­guerão a ci­dade na qual, du­rante três dias, ocor­rerá aquela que será, uma vez mais, a maior e a mais bela re­a­li­zação po­lí­tica, cul­tural, des­por­tiva, con­vi­vial re­a­li­zada no nosso País. Ao mesmo tempo, nas di­versas or­ga­ni­za­ções do Par­tido por todo o País e nas emi­gra­ções, ou­tros mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e jo­vens – também eles vo­lun­tá­rios cons­tru­tores da Festa – darão an­da­mento às mil e uma ta­refas in­dis­pen­sá­veis ao êxito da ini­ci­a­tiva: di­vul­gando-a; pre­pa­rando os con­teúdos dos di­ver­si­fi­cados stands de vendas; con­ce­bendo e exe­cu­tando as ex­po­si­ções; or­ga­ni­zando os es­pec­tá­culos e os de­bates; as­se­gu­rando os turnos de ser­viço; ven­dendo as EP, que são fonte de fi­nan­ci­a­mento es­sen­cial da Festa; or­ga­ni­zando as ex­cur­sões – e pro­cu­rando trazer, este ano, não apenas os que são vi­si­tantes de todos os anos, mas também novos vi­si­tantes. Para que a Festa deste ano – como sempre parte in­te­grante da luta de massas – seja a maior e a mais bela de todas.

 

Para além da cons­trução da Festa, muitas são as ta­refas que se co­locam aos mi­li­tantes co­mu­nistas na si­tu­ação ac­tual.

A re­a­li­zação do XIX Con­gresso é uma delas: cum­prida a pri­meira fase pre­pa­ra­tória, no de­correr da qual mi­lhares de ca­ma­radas de­ba­teram o vasto con­junto de ques­tões re­la­ci­o­nadas com a si­tu­ação po­lí­tica na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal e com a si­tu­ação par­ti­dária, en­tramos agora na fase da ela­bo­ração das Teses – Pro­jecto de Re­so­lução Po­lí­tica, bem como do Pro­jecto de Al­te­ra­ções ao Pro­grama do Par­tido – ela­bo­ração feita, em ambos os casos, a partir das opi­niões ex­pressas no amplo de­bate co­lec­tivo. Em Se­tembro, de­pois da Festa, após a pu­bli­cação dos dois do­cu­mentos no Avante!, o co­lec­tivo par­ti­dário re­to­mará o de­bate em as­sem­bleias onde se pro­ce­derá, também, à eleição dos de­le­gados ao Con­gresso.

Ao mesmo tempo, as or­ga­ni­za­ções levam por di­ante as múl­ti­plas ac­ções vi­sando o re­forço do Par­tido, de­sig­na­da­mente a re­a­li­zação das suas as­sem­bleias, como foi o caso, no pas­sado fim-de-se­mana, da IX As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém – com a cons­ci­ência de que, como ali afirmou o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa, no quadro em que lu­tamos, o re­forço do PCP é de uma grande e de­ci­siva im­por­tância,

En­quanto isso, na As­sem­bleia da Re­pú­blica, o Grupo Par­la­mentar co­mu­nista con­cre­tizou a apre­sen­tação da moção de cen­sura, cuja opor­tu­ni­dade ficou bem clara no de­correr do de­bate ali tra­vado. Tratou-se de uma ini­ci­a­tiva que, dando sequência e ex­pressão ins­ti­tu­ci­onal à luta dos tra­ba­lha­dores e do povo, levou ao Par­la­mento, através da in­ter­venção dos de­pu­tados co­mu­nistas, a re­a­li­dade dra­má­tica do País, as suas causas e os seus cau­sa­dores. Como já se sabia, a moção não passou. Mas passou, e de que ma­neira!, a cer­teira cen­sura ao Go­verno, à po­lí­tica de di­reita e aos par­tidos que a aplicam e de­fendem; passou a ideia da ne­ces­si­dade im­pe­riosa e ur­gente de uma po­lí­tica de sen­tido in­verso; passou a ideia fun­da­mental de que a cen­sura vai con­ti­nuar nas lutas dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, por todo o País, di­zendo «basta!» à po­lí­tica das troikas e exi­gindo um novo rumo para Por­tugal.